Conexão


Nunca vi nada monocórdico ou parecido. O jeito que você me olha é ímpar, como minha introspecção ao me expressar sobre nós. Deitar sobre seu corpo é a luz que faltava na minha escuridão. Tocar no seu rosto, alisar suas bochechas com meu polegar me extasia. Nosso cheiro de tesão perfuma o ar. Nossa maneira de lidar com as coisas nos tranquiliza. Nossas brigas se ofuscam no meio de tanta obsessão.

Já faz um tempo que a gente realmente não goza. Na minha mente passa um filme, mas daqueles de superar Scarface de Brian De Palma. Ouço cachorros latindo. Será que foi eu? Sigo rindo e sorrindo.

Com tamanha subjetividade, não posso hesitar quando o assunto é me expressar. Relaxamos nesse colchão king size mas parece que estamos num deserto, deitados sobre aquela areia fina e leve. O calor do seu corpo aquece o meu. Eu sou o fósforo, você é o isqueiro. Feita com esmero. Tudo de bom eu espero. Outrossim, seu corpo é o melhor colchão. Então se deita do meu lado... isso! Deito minha cabeça no seu peitoral, me entorpeço de você. Sexo? Hoje, nem pensar! É momento de suavizar o espírito, acalmar as enzimas, tranquilizar os átomos, deixá-los extenuados. Uma mão descansa na sua cabeça, a outra apoia na lateral desse corpo exuberante. Uma das minhas pernas fica sobre a sua. Desço a mão pela lateral, passeio pelos grandes lábios da vagina (que absurdo de magnitude!), eu fico mais louco ainda, mas vou embora desse lugar, volto para onde eu estava antes. Alisando sua cabeça, um cafuné gostoso, você de olhos fechados, os meus bem abertos, como seus quatro lábios, se é que você me entende. Mas, claro que vai me entender, porque nossa conexão é absurdamente inconfundível.

Comentários